Fui hoje ver o tal filme sobre o facebook, ou melhor, sobre o criador do facebook e a sua solidão, e antes de mais elogiar o mais uma vez grande trabalho de David Fincher que sempre nos habituou ao melhor.
O que me leva contudo a escrever aqui sobre o filme é a extraordinária forma como o filme retrata a actual condição humana, claro que a "condição" a que me refiro é levada ao extremo no filme pelo protagonista e criador do já referenciado facebook (Mark Zuckerberg), o qual é milionário, famoso, tem milhares de amigos no facebook, mas no cada vez mais esquecido "mundo real" desprezou e passou por cima de quem gostava realmente dele e de quem confiou nele, acabando assim a programar exaustivamente e a fazer refresh em páginas do facebook, e por trás de um monitor de computador não está nada senão cristais líquidos, plástico e metal, sendo que à frente normalmente estamos nós sozinhos e mal sentados.
Mas agora vejamos, grande parte de nós tem facebook, passa horas e horas há frente de monitores( todo o tipo de monitores)e ou já é ou tem o objectivo de ser rico, objectivo este que apesar de ser do conhecimento comum que num mundo real e sustentado só uma pequena parte da população pode ser rica, e de tantos não terem sequer o mínimo para sobreviver, é moralmente aceite e encorajado.
Esclarecer apenas que eu não tenho nada contra quem se tornou completamente dependente de monitores cheios de letras e cores que mudam e que emitem uns sons engraçados, nem contra quem já é ou tem como principal objectivo de vida ser rico, apenas me preocupa uma Humanidade assente nesses paradigmas, porque tal não é minimamente realista e sustentável.
Julgo ainda, e concluindo este meu raciocínio meio "desfocado" pela hora avançada, que a maioria de nós ao ver o referido filme, deseja profundamente ter o poder, e o dinheiro, do já referido e ainda jovem presidente do facebook, dizendo para nós mesmo que se tivéssemos o dinheiro dele, continuaríamos com os nossos amigos de sempre, não iríamos querer mais e mais dinheiro e que com um bocado de sorte ainda mandávamos uns cheques para a caridade em África, o que nos tornaria quase iguais ao protagonista, sendo que o que separa o "quase" do "iguais" é a nossa imaginação e o que julgamos de ânimo leve e profundamente optimista que faríamos e que aconteceria, e o que me assusta mais, é que eu fui dos que pertenceu a essa "imaginada maioria".
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