A todo o momento milhares e milhares de átomos colidem entre si, passando nesse momento a haver partilha de electrões entre ambos, o que os torna mais estáveis e com as camadas externas mais completas, e de entre todas as possibilidades de colisão que tinham, algumas mais prováveis, outras que teriam ocorrido mais cedo se não fossem movimentos aleatórios de última hora, e outras ainda que já estavam em rota de colisão eminente até outro átomo também em movimento aleatório colidir com um deles primeiro, a isto chama-se de forma comum, teoria do caos, e nós aceita-mo-la facilmente para os átomos mas para nós preferimos usar a palavra destino.
Quando conhecemos alguém (e o conhecemos pode ser, metaforicamente ou não trocado por colidimos) e essa pessoa se torna "especial"* para nós, acabamos muitas vezes a pensar que nada é por acaso, que se ela tivesse saído de casa 2 minutos mais cedo não teria perdido o autocarro naquele dia, tendo que esperar 20 minutos pelo seguinte, o que implicou que tivesse que correr depois de sair do autocarro para não chegar demasiado atrasada, que por causa de correr de saltos "quase altos" acabou por tropeçar e que por acaso quem a ajudou a levantar-se naquele momento não foi um rapaz engraçado mas sim uma senhora idosa simpática, e que depois de atravessar a estrada sem olhar tendo sorte por não ser atropelada, e tendo continuado a correr acabando por "colidir" connosco(um qualquer de nós) e deixando um monte de folhas cair ao chão as quais prontamente a ajudámos a apanhar servindo assim de pretexto para aquela primeira conversa rápida e falsamente despretensiosa, nunca a teríamos conhecido e algo assim tão improvável, digno para ser adaptado ao cinema até, não pode ser obra do acaso. Esquecendo-nos que se ela não tivesse perdido o autocarro podia por um outro conjunto de acasos qualquer ter vindo a conhecer outro rapaz por quem, por força desse mesmo acaso a que os que têm coração chamam destino, acabaria por cair de amores, enquanto nós se ela não tivesse chocado connosco naquele momento podíamos ter sido contemplados com algum acaso que levasse aquela rapariga gira para quem estávamos a olhar antes de "colidirem" connosco (sim porque ela, vamos chamar-lhe Madalena, só colidiu mesmo connosco porque estávamos distraídos a olhar para outra) a tornar-se na mulher da nossa vida (senão para sempre, pelo menos por algum tempo).
Mas acontece que temos uma capacidade quase insana de "romantizar" a vida, de acreditar que o amor não surgiu de um mero acaso, e talvez seja essa a forma mais Humana de viver, talvez só essa forma de olhar e perceber o Mundo tenha permitido as mais belas frases de amor, e vidas inteiras de monogamia, e por isso eu acredito no destino, quer dizer, sou obrigado a acreditar, porque a verdade em última instância é aquilo em que acreditamos.
*(Podia definir especial segundo a definição matemática mais recente, que implica pensar nessa pessoa pelo menos 2 horas por dia, mas isso implicaria ser demasiado nerd)
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